A própolis é um complexo variado, formada por uma substância resinosa e balsâmica obtida pelas abelhas através da coleta de exsudatos de ramos, flores, pólen e brotos de diferentes espécies de plantas. Essas resinas quando entram em contato com a saliva das abelhas na colmeia são alteradas por enzimas próprias das abelhas e culminam com a formação da própolis final.
As abelhas utilizam a própolis para diversas funções, como: proteção contra insetos e micro-organismos, restaurações em sua colmeia, antisséptico no local onde a abelha rainha desova e também para o embalsamento de insetos invasores (1, 2).
Sua utilização na medicina popular é datada de 300 a.C. Entretanto, ela passou a ser um produto relevante para a medicina alternativa e complementar somente a partir da metade dos anos 80 (3, 7). Porém, com o passar do tempo, seu uso vem se popularizando conforme suas ações e benefícios vêm sendo comprovados.
A própolis teve amplo destaque como componente de vários produtos naturais tradicionalmente utilizados, devido, principalmente, às suas propriedades benéficas para a saúde, como por exemplo, atividade antimicrobiana, antifúngica, anti-inflamatória, antioxidante, antiviral, cicatrizante e imunomoduladora (4, 5).
Hoje vamos saber um pouco mais sobre esse composto singular e que possuí ações tão importantes.
Composição Química da Própolis Verde
Sua composição química é diversificada, incluindo flavonoides (como a galangina, quercetina, pinocembrina e kaempferol), ácidos aromáticos e ésteres, aldeídos e cetonas, terpenoides e fenilpropanoides (como os ácidos caféico e clorogênico), esteroides, aminoácidos, polissacarídeos, hidrocarbonetos, ácidos graxos e vários outros compostos em pequenas quantidades (1).
Elementos inorgânicos tais como cobre, manganês, ferro, cálcio, alumínio, vanádio e silício também são componentes dessa substância, não se ignorando que há variação importante na constituição da própolis de acordo com a flora da região e época da colheita, com a técnica empregada e a espécie da abelha produtora (6).
A composição química da própolis no Brasil é distinta se comparadas as diferentes partes do país. Essa variação é explicada pela grande biodiversidade da flora brasileira e também pela capacidade bioquímica que as abelhas brasileiras têm de alterar a sua composição e de colocar seus próprios componentes à própolis. Assim como a composição química da própolis difere grandemente entre uma região e outra, as propriedades biológicas também apresentam distinções (6).
Mas o que a própolis verde possui de tão especial?
A própolis verde possui atividade antibacteriana e possui maior ação contra bactérias Gram-positivas. Já sua atividade antifúngica foi relacionada principalmente à presença de flavonóides e ao éster feniletil do ácido cafeico. Sua atividade antiviral foi relatada contra o vírus da herpes simples (HSV) e da estomatite vesicular (6).
A própolis também demonstrou ter papel anti-inflamatório e imunomodulador e, justamente por isso, vem sendo avaliada em diferentes estudos com modelos de doenças inflamatórias no intuito de se tornar um tratamento alternativo para essas doenças. Sua atividade anti-inflamatória foi associada à capacidade de aumentar a atividade bactericida de macrófagos, diminuir citocinas próinflamatórias e aumentar citocinas antiinflamatórias (4, 5, 6).
Além disso, ela contém um componente único, o artepelin C, composto potente no quesito fortalecimento do sistema imune.
Artepillin C e sua ação anti-tumor
No Japão, há uma grande busca por própolis que tenham Artepillin C (ácido 3,5-diprenil-4-hidroxicinâmico), um composto químico isolado da própolis verde brasileira, que tem despertado grande interesse graças às suas propriedades biológicas. A própolis verde é rotulada como um produto único – Brazilianpropolis – e a grande procura tem se dado em função da presença de Artepillin C (8).
Isso tudo, porque as primeiras pesquisas relacionadas ao Artepillin C demonstraram sua atividade anti-tumoral, pela promoção da apoptose e cura da leucemia, favorecendo o aumento da resposta imunológica, além de apresentar atividade antimicrobiana e antioxidante (9, 10).
Qualidade e Propriedades da Própolis Verde
A melhor forma de extração da própolis verde para o consumo é o método Wax Free, que retira as impurezas presentes na própolis. O resultado é uma própolis mais pura e segura para consumo, apresentando apenas a alta concentração de ativos principais que podem ajudar na manutenção da boa saúde (8, 9).
Como benefícios para os humanos, a própolis verde pode ser usada para auxiliar a potencializar a saúde e para ajudar na prevenção de doenças, já que é uma grande aliada da imunidade do corpo. Entre as principais propriedades biológicas da própolis verde estão as seguintes ações (1, 8, 9, 10, 11):
- Ação antifúngica: é indicada para auxiliar no tratamento de diversos tipos de fungos, sobretudo para tratar problemas no couro cabeludo, na região genital, micoses e frieiras em geral (8,9);
- Ação antibacteriana: sua eficiência para combater as bactérias nas colmeias também pode ser usada em favor humano, apresentando, ainda, uma vantagem extra: diferentemente do que ocorre com os antibióticos produzidos em laboratórios, as bactérias não desenvolvem resistência à própolis. Por isso, é indicada para tratar doenças como anginas, amidalites, faringite, laringite, gengivite, estomatites, abcesso dentário, sinusites, bronquites, pneumonias, gripes, rinites e muitas outras;
- Ação antiviral: além de ser muito indicada para o tratamento de bactérias, mostra-se muito eficiente para combater alguns tipos de vírus, como os que causam herpes, gripes, resfriados, conjuntivite e dores de garganta;
- Ação antioxidante: apresenta também a ação contra os radicais livres que causam o envelhecimento de células e preserva a ação de outro importante antioxidante para o corpo, a vitamina C;
- Ação cicatrizante: por ser rica em flavonoides e aminoácidos, substâncias conhecidas pela ação regeneradora de tecidos do corpo, pode ser eficaz em tratamentos de feridas, dermatites, queimaduras e úlceras;
- Ação analgésica: também pode ser indicada para o alívio de dores graças à sua função anestésica, podendo auxiliar no combate de dores de garganta, dente e muitas outras.
- Ação antitumoral: alguns estudos têm mostrado que a própolis verde brasileira pode ter um papel importante para impedir o crescimento de algumas células cancerígenas.
Formas de Administração
A própolis pode ser encontrada disponível em vários tipos farmacológicos, como: cápsulas, extratos (hidroalcoólico ou glicólico), enxaguante bucal, em forma de pó, entre outras (12, 13). Em cosméticos e na indústria alimentícia se apresenta na forma de alimentos funcionais. Pode ser encontrada em cremes cosméticos, shampoos, batons, balas, sprays, etc: (14).
Curiosidades Históricas da Própolis
O uso da própolis é descrito há séculos pela humanidade. Os egípcios conhecendo suas propriedades que impediam a decomposição de cadáveres, começaram a usá-la para embalsamar seres humanos e animais mortos. Além disso, suas propriedades medicinais também foram reconhecidas por médicos gregos e romanos como Aristóteles, Dioscorides, Plínio e Galeno (12).
A aplicação da própolis na medicina popular é datada de 300 a.C. Entretanto, ela passou a ser um produto relevante para a medicina alternativa e complementar somente a partir da metade dos anos 80 (1,11).
Uma vez que está ocorrendo um crescente interesse por esse composto, devido ao seu grande papel biológico em diferentes áreas, como já citado, é de extrema importância a consolidação de dados que comprovem a segurança e eficácia deste produto de forma a nortear o seu uso correto e também difundir o conhecimento associado à sua tradição de uso pela população.
Conclusão
Considerando todas as informações aqui apresentadas, pôde-se perceber o importante potencial que a própolis, em especial a própolis verde, pode exercer na saúde da população, no mercado brasileiro e internacional, principalmente devido às importantes atividades biológicas demonstradas, como por exemplo, atividade antimicrobiana, antifúngica, anti-inflamatória, antioxidante, antiviral, cicatrizante e imunomoduladora associadas a esses compostos.
Referências
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LUSTOSA SR, et al. Própolis: atualizações sobre a química e a farmacologia. Rev. Bras. Farmacogn. 2008; 18(3): 447-454.
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Pereira AS, Seixas FRMS, Aquino NFR. Própolis: 100 anos de pesquisa e suas perspectivas futuras. Química Nova 25: p.321326. 2002.
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Alencar, SM. Própolis vermelha do Brasil: produção, composição e atividade biológica. Piracicaba: USP-ESALQ; 2009.
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BANSKOTA, A.H.; TESUKA, Y.; KADOTA. S. Recent progress in pharmacological research of propolis. Phytotherapy Research, v.15, p.561-571, 2001.
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GALATI, G.; TENG, S.; MORIDANI, M.Y.; CHAN, T.S.; O´BRIEN, P.J. Cancer chemoprevention and apoptosis echanisms induced by dietary polyphenolics. Drug Metabolism and Drug Interactions, v.17, p.311-349, 2000.
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Marcucci, MC. Propriedades biológicas e terapêuticas dos constituintes químicos da própolis. Campinas: UNICAMP. 1996.
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Salatino, A, Teixeira, EW, Negri, G, Message, D. Origin and chemical variation of Brazilian propolis.e CAM 2: p.33-38. 2005.
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Estudos das Própolis que contém ArtepilliniC