Sabe aquele domingo em que você está deitado na rede ou aquela temporada na praia junto com a família em que as ideias naturalmente surgiam – ideias, inclusive, que custam a aparecer quando há a pressão do dia a dia? Isso, nada mais é, do que o ócio criativo colocado em prática, mesmo que de forma não proposital.
O ócio criativo é um termo criado pelo sociólogo italiano Domenico de Masi, e essa é uma linha que tende a ser seguida por cada vez mais empresas e profissionais em um futuro próximo. Pela lógica do ócio criativo, o profissional deve buscar três pilares: trabalho, conhecimento e lazer – sendo que não há horários pré-definidos para esses itens (pode-se ter uma grande ideia em casa, no domingo, ou sair mais cedo do trabalho em plena segunda-feira, por exemplo). “Quando o trabalho é executado com a cabeça, ele anda sempre com você, pode ser carregado para todos os lados e é possível fazê-lo no domingo à noite, na praia ou enquanto se lava a louça”, disse Domenico em entrevista à edição 1744 da Revista Veja.
O maior empecilho para chegar a esse ponto, no entanto, ainda consiste no “pré-conceito” de que trabalhar muitas horas seguidas traz mais resultados do que conceder interrupções durante a jornada diária. Para a psicóloga e consultora de Recursos Humanos Sandra Monice, ao conciliar os três pilares do ócio criativo, o dia a dia do trabalho fica muito mais prazeroso. “Quando isso acontece, diminuímos a carga das responsabilidades e conseguimos extrair prazer de nossas tarefas profissionais, aumentando consequentemente nossa produtividade de forma mais leve e menos penosa”.
Com isso, qualquer momento gasto em uma atividade que auxilie no equilíbrio desses três pilares não é identificado como perda de tempo, e sim como algo importante para o desenvolvimento do trabalho do profissional, desde que não seja o “ócio pelo ócio” – atividades que realmente não irão contribuir em nada para melhorar a produtividade.
Sem culpa!
Nem todas as sociedades veem com maus olhos o tempo gasto somente pensando. Em algumas culturas no oriente, o tempo em que passamos “parados” e planejando é tão ou mais importante do que o tempo utilizado em atividade. “Isso é respeitado como mais um elemento do processo produtivo”, diz Sandra. “Fazer uma pausa no meio do expediente para pesquisar na internet as últimas notícias, por exemplo, é interessante do ponto de vista do lazer, do conhecimento e, posteriormente, pode ser útil enquanto informação para uma reunião futura”, afirma Sandra.